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‘‘Papai Negroel’’ marca o Natal vilaboense

Um dos momentos marcantes do último Natal na Cidade de Goiás foi protagonizado pelo fotógrafo Fernando Arkanjo, artista acostumado a mostrar o cotidiano e as belezas da antiga Vila Boa com sensibilidade e poesia através das fotos.

Ele é o primeiro negro a dar vida ao Papai Noel na Cidade de Goiás que, com criatividade e emoção, foi um dos pontos altos da programação natalina promovida pela Prefeitura Municipal.

Para começar, o bom velhinho ganhou o nome de Papai Negroel, e chegou até a ganhar um perfil no Instagram (@papainegroelgoias), onde compartilhou suas experiências durante esse período e, claro, histórias comoventes.

Uma delas aconteceu na inauguração da programação natalina na Praça do João Francisco, no dia 12 de dezembro do ano passado, em que o garoto Davi Lucas pediu para Papai Negroel trazer seu pai, que morreu, “de volta pelo menos mais uma vez”.

“Segurei o choro no peito e conversei com ele, disse que isso nem o Papai Noel conseguiria realizar, mas que o Papai Noel é amigo do Papai do Céu e que eu conseguiria levar um recado para o pai dele, através de uma conversa com Papai do Céu. Os olhos dele faíscaram e ele disse: ‘Pai, eu tô com saudade de você, eu te amo! Manda esse recado, por favor, Papai Noel!”, relatou o fotógrafo em suas redes sociais.

Arkanjo conta ainda que esta não é primeira vez que dá vida ao bom velhinho. Anos atrás, interpretou o personagem a pedido de uma loja, mas teve que pintar o rosto de branco. “Ficou horrível. Assustei muita criança”, brinca.

Desta vez, sem cara pintada, ele conta que a recepção das crianças foi incrível. “As crianças nem imaginam, mas quem ganhou presente foi eu por poder viver essa experiência”, diz.

Ataque Racista

Mas nem tudo neste Natal foi motivo de celebração e alegria.  A cor da pele e o nome do personagem, “Papai Negroel” foram alvos de comentários de cunho racista na internet.

Um deles foi proferido por um membro do grupo do Facebook “Acontece em Goiás”. Na publicação, ele disse: “Papai Noel Negro é coisa de comunista, não tem negro na Lapônia, mas a esquerda não vai à escola”.

Em nota, a prefeitura de Goiás reafirmou que “Temos orgulho da nossa diversidade. Somos uma cidade multiétnica e nossas ações buscam refletir essa realidade”.

Centenas de internautas também rechaçaram esse e outros comentários de cunho racista. “Nós não estamos na Lapônia e não podemos aceitar comentários maldosos iguais ao seu. Racismo é crime”, disse outro usuário em um dos comentários.

Em conversa com a Nova Fogaréu, o artista afirmou que medidas estão sendo tomadas. “Não podemos nos calar, não podemos tolerar, muito menos abaixar a cabeça para agressões criminosas como essa, seja racismo, homofobia, xenofobia, qualquer tipo de crime como os citados”, argumenta Arkanjo, que declarou: vai processar o autor da mensagem.

foto de capa: Patrícia Mousinho

 

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