Artigos, Crônicas e Poesias

Jornal Nova Fogaréu publica poemas de vencedores do 1º Concurso de Poesias Rosa Gomes

Para fomentar a produção literária de crianças e adolescentes, além de valorizar o patrimônio material e imaterial das populações africanas e afro-brasileiras, foi realizado na cidade de Goiás o I Concurso de Poesias Rosa Gomes.

O concurso foi idealizado pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiro e Indígenas – NEABI, da Universidade Federal de Goiás – Câmpus Goiás – e contou com as participações apenas estudantes matriculados no Ensino Fundamental do 1° ao 9° ano e do Ensino Médio do 1º a 3º, das redes pública e particular do município.

Os vencedores de cada categoria foram premiados com a publicação de seu texto e biografia na coletânea do concurso Rosa Gomes, além do valor de R$ 200,00, um kit surpresa de literatura afro-brasileira, artesanato afro-brasileiro e indígena e um vale lanche do comércio local. Também fez parte do prêmio, a publicação Dos trabalhos vencedores nesta edição do Jornal Nova Fogaréu. A seguir, as obras vencedoras:

 

Ensino Fundamental I – Anos Iniciais: 1º ao 3º ano

A Beleza da Diversidade

Por Marcella Gonçalves Pereira

– Escola Municipal Sonho Infantil

– Professora: Maria Gabriella Pires

 

Em terras brasileiras, onde a vida pulsa forte,

Temos muitas culturas e heranças.

Da África vem a magia, a força e arte.

Os cabelos crespos, fios que dançam ao vento,

Olhos que brilham, como estrelas a brilhar,

Em cada rosto, uma beleza,

Em cada canto do Brasil, pessoas diferentes a sorrir.

A beleza da diversidade é a nossa história,

Em cada cor, cada traço, cada som,

A riqueza cultural é nossa força,

E no amor pela vida, a nossa união.

 

 

Meu cabelo é crespo, cacheado

Por Maria Júlia Souza de Araújo

– Escola Municipal Cora Coralina

-Professora: Flausina Rodrigues

 

Cabelo duro não!

Meu cabelo é crespo, cacheado,

Leve, solto,

Macio e afro,

Cada fio tem uma história.

Duro é conviver

Ouvir e ver

Pensamentos ridículos, ultrapassados

Tentando apagar quem eu sou

Como se eu fosse sombra

Nada a ser valorizado.

Mas eu sou mina preta

Que dança e celebra

Mostrando pro mundo a beleza

Da sua tradição, da sua cor

Com Black Power e sorrisos

Sou de uma cultura rica

Povo que quer seu valor.

Mina preta

E meu orgulho não tem fim

Como Elza que brilha e inspira

MC Soffia que canta o que é nosso

Juntas

Com força e coragem

Um lindo futuro construir.

Então, cabelo duro não!

Meu cabelo é crespo é cacheado

Em cada fio, tem a luta por respeito

A força de uma cultura

De um povo encantado

Então, valoriza isso, que eu mereço!

 

Força preta do Brasil: um eterno pulsar

Por Rhuan Pablo Ribeiro Rodrigues

– Escola Municipal Cora Coralina

– Professora: Flausina Rodrigues

 

Eu sou brasileiro

Minha família é brasileira

Em cada coração a mesma cor

Mas das diferenças

É que vem nosso valor.

Eu sou brasileiro

E a culinária é nosso laço

Temperos contam histórias

Dendê, pimenta e cravo

Juntos unindo sabor

Um só compasso.

Eu sou brasileiro

Sangue forte e vibrante

Raízes da África nossa mãe

Em nossas veias a força do passado

Caminhamos juntos de mãos dadas

Na dança do samba no som do atabaque

Nossos ritmos e nossos trançados

Esse é nosso destaque.

Eu sou brasileiro

Compartilhamos o amor

Em cada gesto e história

No diferente

Encontramos beleza

Um povo todinho

Que brilha em sua grandeza.

Eu sou brasileiro!

E com orgulho vou cantar

Junto com Rosa Gomes, Leodegária

Dandara, Ganga Zumba e muitos mais

Em cada sonho, em cada luta

A força preta do Brasil

É um eterno pulsar.

 

 

Minha Pele e Meu Cabelo

Por Vitória Silva do Amaral

– Escola Municipal Sonho Infantil

– Professora: Maria Gabriella Pires

 

A minha pele é escura e cheia de valor,

Sou da cor do amor

Meu cabelo é da cor da minha pele

Minha pele brilha lindamente sob o sol,

E meu cabelo reluz como estrelas no luar,

São símbolos da minha identidade.

Minha pele é poesia, meu cabelo é luta,

Na pele e no cabelo, minha história,

A cada passo, afirmo quem sou,

A cor do amor que sempre brilhou.

 

Era uma vez.

Por Yasmin Pereira Costa

– Escola Municipal Sonho Infantil

– Professora: Maria Gabriella Pires

 

Era uma vez Rosa

Pétalas de força e espinhos de luta

Mulher guerreira e generosa

Era uma vez Zumbi

Negro forte, herói da liberdade

Que ousou resistir

Era uma vez um tambor

Som antigo que corta além do mar

Vem da África trazendo histórias e memórias.

E hoje, tudo isso é nossa cultura,

Raízes profundas, que nunca se esquecem,

Que na luta o grito foi ouvido.

 

Ensino Fundamental I – Anos Iniciais: 4º ao 5º ano

Minha História

Por Manuela Nunes Faria

– Escola Municipal de Tempo Integral

Mestre Nhola

– Professora: Andreia Rodrigues de Souza

 

Minha pele retrata minha história

Meu cabelo, meus antepassados

Minha cidade, minha cultura

E minhas memórias.

Sou uma menina afrodescendente

Que já enfrentou o racismo bem de perto,

Mesmo assim, não tenho vergonha de minha raiz,

Isso é certo.

Quando bem pequenina,

Alisar meus cabelos era um sonho,

Pois aprendi que bonito era cabelo liso,

Portanto, fazer isso, era preciso.

Hoje em dia minha mentalidade é outra.

Aprendi na família e na escola

Que não devo ter vergonha do meu cabelo,

Da minha cor e da minha origem.

Sou feliz assim e vou ser até o fim.

Sou uma garota negra consciente

Assim como Dandara, sou valente

Vou lutar bravamente pela minha gente

E garantir um futuro

Sem racismo ou preconceito,

Para que cada pessoa se aceite

Do seu jeito.

 

Viva nossa negritude

Por Oscar Rodrigues David

– Escola Pluricultural Odé Kayodê

– Professor: Fernando Cassio Serafim da Silva

 

No samba de roda,

bato o tambor.

No meu coração,

desperta o amor.

Tem samba na palma da minha mão.

Na roda, grito forte com atitude!

Viva a sua, viva a minha

viva a nossa negritude!

Danço jongo, toco berimbau,

pela minha força

e a do meu ancestral!

Também sou da capoeira

e faço movimentos no chão!

Com rasteira e bananeira,

jogo com emoção.

E eu tenho muito respeito

com as pessoas da favela!

vou lutar contra o racismo,

que nem o Nelson Mandela.

 

 

A minha Terra

Por Esther Camelo Leite

– Escola Municipal de Tempo Integral

Mestre Nhola

– Professora: Andreia Rodrigues de Souza

 

Lá na minha Terra, muito feliz eu era

Sem preconceitos gostava de viver,

Mas agora, onde eu vivo, não sei mais o que dizer

Com meu cabelo vivia solto, não sei mais se vou querer.

A minha terra era verde como uma palmeira

Mas agora, o que me resta são folhas secas,

La todo dia banho de rio tomava,

Mas agora, não posso nem beber água!

Forçadamente, outra língua aprendi

Outros costumes vivi, minha cultura escondi

Preconceitos sofri, o que será de mim?

Se não sei mais sorrir?

Aqui a vida é difícil, triste e cheia de sofrimento,

Trabalho árduo e salário pequeno.

O racismo me persegue como veneno.

Preciso reagir, lutar e prosseguir

Pela minha identidade e direito de existir

Calada não vou ficar,

Contra o racismo vou lutar.

Da mãe África vou precisar

Para o preconceito enfrentar

Para em paz novamente viver

E a consciência negra florescer.

Da minha descendência quero falar

E as vozes negras convidar

Para que todos juntos, essa Terra possamos melhorar

E no final, a paz reinar.

 

Ensino Fundamental II – Anos finais: 6º ao 9º ano

Cada Trança, Uma História

Por Sophia Noleto Freitas

– Colégio Alternativo – Coopecigo

– Professora: Flausina Aparecida Silva

 

A cada trança, uma saga, um conto,

memórias amarradas fio a fio – pronto!

As mãos que tecem são bravas, mandam bem,

desafiam a lógica e o vai-e-vem.

Esse cabelo é coroa, é nosso poder,

um sorriso vivo a florescer.

Quando olho para trás, vem na lembrança

os tambores firmes, a ginga, a dança.

Batuques do afoxé do maracatu,

nos terreiros o axé força de Exu.

É muita responsa, é bruta missão,

é fé na liberdade, é representatividade meu irmão.

Tem muito olho atravessado, desconfiança no ar,

mas seguimos firmes, sem nos abalar.

Cabeça erguida, peito firme na luta,

esperança é guia, resistência absoluta.

Trazendo ancestralidade, bagagem pesada,

da época dos quilombos, a raiz preservada.

Nossa verdade é nossa coroa, nossa missão,

dizendo ao mundo que preto não baixa a visão.

Na língua, heranças que vieram de lá, quiabo, cafuné, acarajé, dendê e vatapá.

Somos quilombo, capoeira, axé,

Somos gíria de quebrada axé candomblé,

em cada rito um coro de fé

Nossa cultura é cor, sabor, é raiz,

na roda sagrada, nossa alma é feliz.

Com Elza, Mandela, Zumbi e Racionais,

seguimos trilhando

Cada trançado, um poder, uma visão,

porque nossa história é tatuagem, é coração.

 

Raízes de Resistência

Por João Pedro Fernandes Magalhães

Colégio Alternativo – Coopecigo

Professora: Flausina Aparecida Silva

 

Mulheres pretas, poder que vem da África,

no navio sentiram a lágrima.

corrente no corpo, chicote a cortar,

trouxeram no peito a força, o lutar.

Braços que embalam amas de leite,

mãos que cozinham, trabalho e azeite.

Sangrando nas veias fogo e dor,

resistiram firmes, plantando valor.

Tereza de Benguela, exemplo da resistência infinita,

Ganga Zumba, a voz que não se limita.

No Quilombo dos Palmares, Zumbi ainda é vivo,

em cada história que revive o motivo.

E a era da chapinha? É coisa que passou,

meu cabelo é coroa, meu orgulho acordou.

Não preciso disfarçar o que sou de verdade,

Meu Black Power grita, é minha liberdade.

Sou livre!

Sou forte!

Sou raiz que resiste!

Sou atabaque, minha alma persiste!

Sou ginga, sou axé!

Sou voz africana!

E onde eu quero estar

ali é meu lugar!

 

 

O sangue preto está em nós

Por Inaiá Tavares Falleti

– Colégio Alternativo – Coopecigo

– Professora: Flausina Aparecida  Silva

 

Pelas águas de Iemanjá

onde passou o navio negreiro,

levando o povo africano,

com sua força, cultura e guerreiros.

 

O som das ondas do mar a bater,

lembrava a batida do atabaque,

o som das conchas e o xequerê,

em vozes unidas, um só destaque.

 

O som dos peixes, o agogô,

o choro do povo lembrava a África.

Mas não era o fim, era o renascer,

mesmo na dor, havia força e garra.

 

Mesmo depois de reprimidos,

arrancados de suas raízes,

mantiveram vivas as crenças,

costumes…, mas também cicatrizes.

Jongo e samba de roda dançavam,

capoeira e ijexá resistiam,

nas veias a África pulsava,

memórias que nunca esqueciam.

E também trouxeram sabores,

como o bobó e o acarajé,

em seus pratos, os seus amores,

marcas que o tempo não é capaz de dar ré.

 

Os mitos e os orixás ecoavam,

Oxum, Nanã e Iemanjá,

Exu e Obaluaiê guiavam,

cada espírito ao seu lugar.

 

A luta ainda não acabou,

a resistência é sua verdade,

contra o preconceito que ainda ficou,

buscam justiça e igualdade.

 

Não devemos nossa origem negar,

o sangue negro é nosso brasão.

Lembramos Zumbi e Dandara a lutar,

pois na união há libertação.

 

 

Ensino Médio 1º ao 3º ano

 

Africano, Afro

Por Lara Agnes Silva Jubé

– Colégio Estadual Lyceu De Goyaz

Professor Alcide Jubé

Professor: Sanderson Mendanha Peixoto

 

Brasileiro!

Sim eu sei que sou negro

Aquele com a pele preta

Filho de Ogum

Preto velho

Iemanjá

Oxóssi

E velha preta

Irmão dos êres

Amigo dos exu mirins

Aquele que se veste de branco

E vai pra macumba assim

Não sou macumbeiro! Sou da umbanda

A religião que em mim canta

Veio de longe e se misturou

No centro e no terreiro

Brasileiro, Afro

Africano!

Aquele que por muitos anos

Aguentou e aguentava

Ser açoitado na mão dos de pele clara

Aquele que levou a sujeira na cara

Que carregava e trabalhava como um burro de carga

Africano, Brasileiro

Afro!

Descente, e com orgulho!

De pele escura, cabelos volumosos

Que não vou alisar pra te agradar

Meus cachos, cabelos crespos

Que veio junto de escravos

Que não eram o que viraram

São africanos!

Que foram silenciados

Que eu os tomo como um exemplo

Para nunca mais nos calarmos

Eu sou

Eu serei

Eu me tornei

O Próprio Afro

 

 

O Ouro Negro de Nossos Ancestrais

Por:  Dyorhanna Dhaynelly Perreira Fabino-

– Colégio Estadual Lyceu de Goyaz

Professor Alcides Jubé

– Professor: Célio Xavier de Azevedo Júnior

 

Nas águas do atlântico

Onde o sol se esconde

Nas veias da terra

O sangue ecoa herança

A força da raiz

Que a terra alimenta

Surge

Entre nós

O povo negro

A cultura negra

De raiz profunda

O batuque ancestral

Ao som do ritmo

No tambor ressoa

 

Da sombra do axé e do candomblé

Erguemos tambores

E cantamos com garra

A cada cabelo crespo

A cada pele escura

 

Cores vibrantes nas roupas e nas almas

 

São as marcas

Da beleza

Da força

E do orgulho negro

A luta de um povo

Por igualdade

Que o Brasil saiba

Que sua alma e negra

O negro e força

E legado profundo

Das senzalas aos palcos

Da luta a vitória

 

Valorizar

E reverenciar o passado

 

De um povo

Que sofreu e que vem sofrendo até hoje

De um povo

Que batalha

Por um futuro

Sem preconceito

E descriminação

Da cor da religião

Somos negros

Somos fortes

Somos raízes

Somos cultura nos quadros

Nos cantos do mundo lutando

 

Por igualdade

Da nossa cultura

E do ouro dos nossos ancestrais

 

 

Poesia sem título

Por: Nataly Vitória Brito de Sousa

– Colégio Estadual Lyceu de Goyaz

Professor Alcides Jubé

– Professor: Célio Xavier de Azevedo Júnior

 

Áurea esperança,

brilho dourado de esperança;

Tua força não foi o bastante, não;

Não foi, mas já basta;

De um passado que nunca passa;

Que me deixa louca;

Como não ver?

O que passou não foi um aviso?

Não somos todos carne e ossos no final?

 

De que vale a cor?

De que vale a raça?

 

Tua lei foi uma conquista;

Não uma vitória;

Os grilhões ainda tem sua marca;

O barulho dos engenhos;

A sujeira da senzala;

Marcas de geração;

 

Que não se apagaram, não cicatrizaram;

Mas se superam, se vencem

Por isso o orgulho

 

Orgulho de pertencer aos que superam

Aos que têm garra

Aos que têm força

 

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