Restaurado, o órgão de tubos da Igreja do Rosário será reinaugurado em 28 de março na missa do Lava Pés. Restauração foi feita por meio da Lei Goyazes e patrocinada pela Equatorial Energia
VÂNIO LIMIRO
Um som mavioso, sacro e profundo voltará a ser ouvido na Igreja do Rosário a partir da Quinta-Feira Santa, 28 de março.
Depois de quase vinte anos, o órgão de tubos da catedral, uma peça icônica na história da música litúrgica em todo o Brasil, voltará a ser tocado nas cerimônias após ser inteiramente restaurado, voltando a ser um marco significativo, não apenas para a Cidade de Goiás e o estado, mas também para o patrimônio cultural do país.
O restauro do órgão fez parte das celebrações dos 140 anos da presença dos frades dominicanos em Goiás, que iniciou em 2023. Além de revigorar a música sacra na Igreja do Rosário, a restauração da peça visa preservar a rica herança cultural de Goiás.
Os trabalhos de restauração começaram em novembro do ano passado e duraram cinco 5 meses. A restauração foi realizada por uma empresa especializada em São Paulo devido à especialização necessária para lidar com instrumentos religiosos.
O frei Cristiano Bhering, reitor do Santuário do Rosário, explicou que o órgão estava inativo há décadas, devido a vários problemas, incluindo a deterioração do fole, feito de pele de carneiro.
“Ele estava aproximadamente há mais de uns vinte anos parado por uma deterioração natural que houve no instrumento devido ao clima muito seco, cupins e outras condições; a falta de uso também levou à deterioração”, ressalta o reitor.
Frei Cristiano detalha que o restauro do órgão vai propiciar para a cidade, novamente, um instrumento essencial para a beleza e a musicalidade das celebrações litúrgicas, bem como irá enriquecer as apresentações de natureza cultural.
O instrumento ele vai ser oficialmente reinaugurado no dia 28 de março, às 19 horas, na missa do Lava Pés, uma celebração solene que será cantada pelo Coral Solo da Cidade de Goiás, sob a regência do maestro Sebastião Curado. O órgão será tocado por dois músicos: a professora e pianista Consuelo Quirezi e o médico e compositor Fernando Cupertino.
A reforma do órgão foi viabilizada por meio de um projeto levado à Secretaria Estadual de Cultura, por meio da Lei Goyazes, e patrocinado pela Equatorial Goiás, concessionária de energia no Estado. Por meio da Lei Goyazes, o Governo Estadual financia projetos culturais via renúncia fiscal do ICMS, na qual é realizado uma transferência do imposto devido ao governo para a realização da proposta cultural. O programa é gerido pela Secretaria Estadual de Cultura e os projetos são avaliados e aprovados pelo Conselho Estadual de Cultura.
Marco Cultural
O órgão de tubos da Igreja do Rosário marca um feito notável em Goiás e no Brasil, sendo a primeira peça de seu gênero na região. Encomendado em 1947 por Dom Frei Cândido Penso, então bispo da Prelazia de Santana da Ilha do Bananal, na Itália, esta obra é um testemunho da rica história cultural e religiosa da região.
“Foi então o primeiro instrumento do tipo no estado de Goiás, que trouxe uma modernização e uma revolução, no sentido positivo da música litúrgica, porque o órgão propiciou uma melhora na qualidade da execução das músicas religiosas, fazendo então com que os corais da cidade fizessem execuções musicais com cantos e acompanhamentos musicais mais complexos”, observa o frei Cristiano Bhering.
Durante o período entre 1940 e 1956, a Igreja do Rosário desfrutou do título de Igreja Catedral da Prelazia de Santana do Bananal, convivendo na cidade de Goiás com a Catedral de Santana, então sede da Arquidiocese de Goiás. Para realçar a importância da Catedral prelatícia de Nossa Senhora do Rosário, Dom Cândido Penso encomendou dois trabalhos significativos. Primeiramente, o órgão de tubos para as celebrações litúrgicas, seguido pela execução, nos anos cinquenta, de afrescos pintados pelo Frei Nazareno Confaloni.
“Na época, Dom Cândido Penso, com o Frei Regional Orlandini, fizeram uma a campanha para adquirir o órgão, que foi trazido da Itália e instalado em 1948 aqui na Igreja do Rosário” conta o frei Cristiano.
O instrumento não apenas possui um valor simbólico inestimável, mas também é de grande importância para os habitantes de Goiás e para o público em geral. Ele representa um marco na modernização e na sofisticação da música litúrgica, que até então era predominantemente executada nas igrejas, lembra o frei.