Em meio a tragédia em RS, o festival traz à Cidade de Goiás a possibilidade de recalcular a rota em relação à natureza. Chega fortalecido com recordes de inscritos e maior participação das mulheres
Há mais de 25 anos nascia o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) na Cidade de Goiás. Durante suas bem sucedidas primeiras edições, discutia o que poderia acontecer no futuro. E muita gente não imaginava o quanto o evento seria necessário para as pessoas do futuro. Agora, em suas “bodas de prata”, é realizado com um tema que já é realidade para a sociedade atual: “Tecnologia, Inovação e Mudanças Climáticas”.
Pois o evento, que acontecerá entre os dias 11 e 16 de junho, desta vez será realizado em um Brasil abalado por uma das maiores tragédias ambientais do país: as enchentes no Rio Grande do Sul. Vem também após o planeta estar comprovadamente mais quente.
Sendo assim, exibições de filmes, fóruns, painéis, debates com representantes de áreas da ciência, da arte, da ecologia, vindos de instituições como UFG, Fiocruz, entre muitas outras, buscam discutir maneiras de contornar o caos ambiental.
“Queremos que o festival seja não apenas um espaço de discussão cinematográfica no Brasil, mas também um ponto central para discussões sobre meio ambiente. Um lugar onde as pessoas reconheçam e digam: Ali acontecem discussões sérias e eficazes sobre meio ambiente”, afirma a secretária de estado de Cultura, Yara Nunes.
Para isso, a questão ambiental se faz presente em grande parte da produção. Na principal mostra do evento, a Mostra Washington Novaes, 14 filmes denunciam as diversas nuances da evolução insustentável no mundo.
O documentário “The Water Manifesto: Osun” do cineasta nigeriano Anuoluwapo Adelakun, por exemplo, investiga o mundo da mineração não regulamentada de ouro no estado de Osun, que causou a poluição do rio Osun e afetou o meio ambiente e os meios de subsistência de milhões de pessoas
Na mesma mostra, a animação brasileira de Caco Pereira, “Consumidos”, conta a história de Lázaro, que anseia pelo prazer de comer num futuro onde a comida é um artigo de luxo e a maioria da população se alimenta de comprimidos. Já Mostra Goiana, o filme Aurora Frugum, de Dan Oliveira, também aborda questões que envolvem o consumo.
A programação reflete o clima de atenção que o mundo vive. Uma das sessões que abrem o festival, por exemplo, foi intitulada de “Filmes Para Adiar O Fim do Mundo”. Dos debates, nomes como do ministro do Desenvolvimento Agrário Paulo Teixeira e a ex-ministra da agricultura Kátia Abreu fazem participação no Fórum “O futuro dos Sistemas Agroalimentares”.
Vitórias
Apesar do cenário caótico, o Fica possui o que comemorar. Além de ter sobrevivido às décadas, se tornou conhecido no mundo. Esta é a edição com o maior número de filmes internacionais inscritos de toda a história, 1.078 produções de 76 países de cinco continentes.
No Brasil, 26 dos 27 estados participaram da seletiva. Esta edição do Fica foi, ainda, a que teve o maior número de mulheres diretoras, quase metade das produções são dirigidas por elas, um grande avanço na representatividade feminina no mercado audiovisual.
É ainda de uma mulher a artista homenageada desta edição. Trata-se da goiana Sallisa Rosa, cujo trabalho traz reflexões sobre a questão indígena e também sobre a questão ambiental. Outro marco do festival, é a Mostra de Cinema Indígena e de Povos Tradicionais é uma novidade a ser celebrada neste ano e é dedicada a exibição de filmes de cineastas indígenas e de comunidades tradicionais.
Além disso, o Fica 2024, que é realizado pelo Governo do Estado e a UFG e diversas parcerias, conta com grandes parceiros como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Vilaboenses na fita
O evento apresenta ainda o fortalecimento do audiovisual na Cidade de Goiás. Participa da mostra Washington Novaes, o filme da professora e cineasta que mora na Cidade de Goiás, Silvana Beline. O filme traz a história de Juvana, uma jovem estudante indígena que entrevista mulheres guerreiras de diferentes etnias, revelando histórias de luta, resistência e esperança.
As narrativas destacam a importância da preservação das tradições ancestrais e a força das mulheres indígenas na defesa de seus territórios e na promoção da justiça ambiental.
Outra produção de um estudante de Cinema do IFG é “Capim Navalha”, de Michel Queiroz, que vai ser exibido na Mostra do Cinema Goiano. Já na “Mostra Becos da Minha Terra”, da qual fazem parte apenas cineastas da cena local, serão exibidos 10 filmes.
Entre eles está “Revolução dos Bustos”, que tem direção de Antônio Carlos Gomes e produção de Rosy Braga e Alli Kostik, ambos estudantes do IFG que fazem parte do programa de estágio da Rádio Nova Fogaréu.
Artistas e shows
Nomes conhecidos e respeitados no cinema mundial também aparecem na programação. O maior deles é a presença do ator e diretor Matheus Nachtergaele. O artista, que já ganhou diversos prêmios e é considerado um dos nomes mais versáteis de sua geração na dramaturgia, vai participar do Fórum de Cinema, na Conferência “Antônio Cândido: Brasil Narrado, Narrações do Brasil”, às 10h30, no Teatro São Joaquim. Também vai participar da conversa o cineasta Eduardo Escorel.
A programação musical sempre ajudou o festival a se tornar lendário. Afinal, quem não se lembra o: “Boa Noite Goiânia Velha” proferido pela saudosa Gal Gosta, há 10 anos, no Festival? Ou ainda ícones da MPB de que passaram pela cidade no Fica, como: Caetano Veloso, Milton Nascimento, Rita Lee, Manu Chao, entre muitos outros.
Desta vez, na noite de sexta-feira, (14/06), a cantora Sandra Sá animará o público no palco da Praça de Eventos, seguido da banda Ira!, no sábado (15/06), e Silva encerrará a 25ª edição, no domingo (16/06). Fazem ainda parte da programação artistas goianos, como a banda Carne Doce, o grupo Samba Matuto e o cantor Tom Chris.
Durante os seis dias do festival, a cidade de Goiás receberá uma variedade de atrações artísticas e culturais, como festejos, apresentações musicais, vocalização de poesia, apresentações de circo, hip hop, capoeira e muito mais, que serão realizadas no Palco Coreto e no Palco do Mercado Municipal.
Box Veja alguns destaques da programação
Terça-feira (11)
16h30 – Carnaval Para Todos – 100 Anos da Escola de Samba Associação Atlética União Goiana
Local: Cruz Anhanguera
19h – cerimônia de abertura e exibição da sessão “Filmes Para Adiar o Fim do Mundo com o filme “Jizai”, de Maiko Endo
Local: Cine Teatro São Joaquim
22h – Dayse Kênia de Morais Poesia “Álvaro Negro e Prece”
Local: Palco Coreto
22h30 – Meu Brasil, Brasileiro – Lourany Cruz
Local Palco Coreto
Quarta-feira (12)
8h: Mostra Fiocruz
Local: Casa de Memória do Judiciário
9h: Fórum de Cinema “O Sistema Nacional de Cultura e Política Audiovisual”, com Yara Nunes (Secult), Joelma Gonzaga (Minc), Maurício Xavier (Conne), Raphael Veiga (Sec. Cultura Alto Paraíso)
Local: Pátio do Rosário
10h: Reprise do filme “Jizai”, seguido por debate com realizadores do Fica e diretora Maiki Endo
Local: Cine Teatro São Joaquim
10h30: Fórum do Cinema Indígena e Povos Tradicionais: “O Audiovisual e a Luta pelo Territórios”
Local: Pátio do Rosário
14h e 19h30 Mostra Washington Novaes
Local: Cine Teatro São Joaquim
15h: Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais
Local: Casa de Memória do Judiciário
16h30: Mocidade “Toda Preta é Rainha” Associação Mocidade Independente do João Francisco
Local: Praça do Chafariz
17h: Mostra do Cinema Goiano
Local: Cine Teatro São Joaquim
17h30: Poesia em Linha Reta com Luiz André Riccelli e Encontro em Vila Boa Mari Camargo e Demis Ferreira
Local: Palco Coreto
19h30: Sessão Especial do 3 Encontro de Escolas de Cinema
Local: Casa de Memória do Judiciário
19h30 Shows Viola Cabocla Rafael Guerreiro e Canções de Bituca – Diones Correntino Trio
Local: Palco Mercado
Quinta-feira (13)
7h30 Fica Animado
Local: Cine Teatro São Joaquim
8h: Mostra Fiocruz
Local: Casa de Memória do Judiciário
9h: Fórum de Cinema Indígena e Povos Tradicionais “Comunicação, Redes e Direito Indígenas e Tradicionais”
Local: Pátio do Rosário
10h Sessão Mapbiomas
Local: Cine Teatro São Joaquim
10h30: Encontro com Realizadores
Local: Colégio Santana
14h e 19h30: Mostra Washington Novaes
Local: Cine Teatro São Joaquim
14h: Fórum de Cinema Painel 2 “Narrativas do Brasil de Leonardo e do Brasil de Joao Gilberto”
15h: Mostra de Cinema Indígena e Povos Tradicionais
Local: Casa de Memória do Judiciário
16h: Fórum de Meio Ambiente “O Futuro dos Sistemas Agroalimentares”
A partir das: 16h30 Roda de Jongo Malungos de Angola e Grupo Samba, Cidade e Sociedade
17h: Mostra do Cinema Goiano
Local: Cine Teatro São Joaquim
A partir das 18h30: Murilo Ribeiro – Poesia Prisma e Grupo Soul do Pagode
Palco do Mercado
19h30: Mostra de Cinema Universitário Visões de Futuro
Local: Casa de Memória do Judiciário
20h: Show Sina de Luiz Garcia
Sexta-feira (14)
7h30: 1 Fórum Infantil de Mudanças Climáticas
Plenária e Cerimônia de Fechamento da Cápsula do Tempo
8h: Mostra Cinema Indígena
Local: Casa de Memória do Judiciário
9h: Conferência “Mudanças Climáticas da Emergência Anunciada ao Estado de Emergência”
Local: Local Pátio do Rosário
10h Exibição do documentário Finas Paredes, uma Longa Viagem de Bicicleta
Local: Cine Teatro São Joaquim
10h: Encontro com realizadores
10h30: Painel FioCruz Mudança do Clima e Saúde: Desafios e oportunidades em Tecnologia e Inovação
Local: Pátio do Rosário
14h: Mostra Washington Novaes
Local: Cine Teatro São Joaquim
14h: Fórum de Meio Ambiente Mudanças Climática Desastres e Adaptação
Local: Pátio do Rosário
16h: Fórum Transição Energética e Mudanças Climáticas
17h: Mostra do Cinema Goiano
Local: Cine Teatro São Joaquim
17h30: Show “Cartola 50 Anos” com Samba Matuto
Local Palco Coreto
19h30: Escrevivências – Ronaldo Oliveira
Local: Palco Mercado
19h30: Exibição do filme Antônio Candido, Anotações Finais Dir. Eduardo Escorel
Local: Cine Teatro São Joaquim
19h30: Exibição do filme “A Ilusão da Abundância” de Erika Gonzalez Ramires Bélgica
22h: Sandra Sá
Local: Praça de Eventos
23h30 Show Tinindo Trincando com Ingrid Lobo
Local: Palco Coreto
Sábado (15)
9h: Reprise da exibição do filme “É Tudo Verdade: Antônio Candido, Anotações Finais”
Local: Cine Teatro São Joaquim
9h Sessão TRT
Local: Casa de Memória do Judiciário
10h30: Sessão Lab Negras Narrativas mais Ações Afirmativas
Local: Casa de Memória do Judiciário
10h30: Fórum de Cinema Conferencia “Antônio Candido Brasil Narrado, Narrações do Brasil”, com cineasta Eduardo Escorel e Matheus Nachtergaele
10h30: Experimento Saracura do Brejo
Local: Praça do Coreto
14h: Sessão Saneago
Local Cine Teatro São Joaquim
14h Painel “Documentários Mudam o Mundo?”
14h: Sessão do Encontro de Cineclubes
Local: Casa de Memória do Judiciário
16h: Mostra Becos da Minha Terra
Local: Cine Teatro São Joaquim
16h: Sessão Filmes Palenqueros e Roda de Conversa
Local: Casa de Memória do Judiciário
16h Fórum Meio Ambiente “Conferência Tecnologia e Mudanças Climáticas Vilã ou salvadora?” com Pedro Dória
A partir das 16h30: Roda de Capoeira e Apresentação do show “A Dama do Samba”, do Grupo Dona da Roda
Local: Palco Coreto
15h: Sessão Semad
Local: Cine Teatro São Joaquim
A partir das 18h30 Danças Urbanas B-Boy Jack e Show MPBeats Project
Local: Palco Mercado
19h30: Mostra Washington Novaes
Local: Cine Teatro São Joaquim
19h30: Sessão Canadá
Local: Casa de Memória do Judiciário
20h30: Caboclo Roxo
Local: Palco Mercado
22h: Show da Banda Ira!
Local: Praça de Eventos
23h30: Os Rockefellers
Local: Palco Coreto
Domingo (16)
10h Cerimônia de Premiação
Local: Cine Teatro São Joaquim
14h: Reprise dos filmes premiados
16h: Do Fundo da Alma – Tom Chris
Local: Praça do Coreto
17h: Show “A Trilha do Tatu” com Grupo Charangau
Local: Palco Mercado
18h “Cererê” Carne Doce
Local: Palco Mercado
19h: Silva
Local: Praça de Eventos