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Festa do Divino emociona e se renova a cada ano

Cidade de Goiás está para viver o ápice da Festa do Divino Espiríto Santo, tradição cujas origens remontam a cerca de sete séculos. Este ano se celebra os 190 anos da chegada da coroa no município e festa vai escolher seu 151º imperador

RARIANA PINHEIRO

Fé, tradição e simbologias fazem parte da Festa do Divino da Cidade de Goiás, uma das celebrações populares mais longevas e difundidas do catolicismo popular no município. A festividade, que começa no domingo de Páscoa e se estende até o Corpus Christi, este ano vive marcos importantes: celebra os 190 anos da chegada da coroa na Cidade de Goiás e vai coroar seu 151º imperador.

São três meses de festa, que este ano se iniciou no dia 31 de março e seguirá até o dia 30 de maio. A celebração começa sempre com a folia que, além de rodar o município, percorre os distritos e cidades próximas, como o Faina. A bandeira e as insígnias do Divino também chegam até as casas de vilaboenses que moram em Goiânia, “para ser bendita e amada”.

Pré-novenas nas comunidades e novena no Santuário do Rosário (porque a anfitriã Catedral de Santana está em reformas), procissões, cavalgadas, cortejos e serenatas incrementam a programação com grande participação da comunidade. Isso prova a força desta tradição que tem origem remota.

Da Idade Média

Acredita-se que esta tradição nasceu no século 14, em Portugal, com uma celebração estabelecida pela rainha Isabel para a construção da igreja do Espírito Santo, na cidade de Alenquer. A devoção se difundiu rapidamente e tornou-se uma das mais intensas e populares em Portugal.

Há registros de que tenha chegado ao Brasil no século 17, com os colonizadores. Na Cidade de Goiás pode-se constatar que se iniciou há pelo menos 200 anos. Isso porque este ano completam-se 190 da chegada da coroa original da festa no município, pois a insígnia foi doada em 1934 pelo imperador Dom Pedro I.

Antes disso, o historiador Guilherme Veiga, explica que a Festa do Divino já havia conquistado os fiéis vilaboenses. “Há relatos da festa no início do século 19, porém, em 1834, já vendo a força da festa, o imperador Dom Pedro I mandou vir da corte uma coroa, que chamamos de original porque ela é feita em prata”, explica.

Mas com a chegada da Coroa na Cidade de Goiás, a festa começou a se moldar tal qual conhecemos. “José Elias Xavier Serra Dourada, organizou um sorteio no qual foi contemplado como o primeiro imperador e, a partir daí deu-se origem ao império do Divino Espírito, com os alferes da bandeira, seis capitães de mastro e mais para frente foram criados os cargos de novenários, para auxiliar na dinâmica da festa”, esclarece Guilherme.

Reinado da fé

Mas, apesar de ter sido criada há cerca de 7 séculos, a dinâmica da celebração traz sempre a possibilidade de renovação, ao envolver fiéis de diversas gerações nos sorteios no reinado do Divino Espiríto Santo.

O imperador, por exemplo, função mais alta da festa, é um cargo cobiçado e, juntamente com sua família e a Catedral de Santana, assume toda a organização da festa.

Ano passado, o estudante de engenharia civil Carlos Savagé, 22 anos, foi sorteado como o imperador. Ele, que participou do sorteio pela primeira vez, reside atualmente na cidade de Paraíso (TO), mas tem sua história ligada a Goiás por conta dos avós maternos: Dona Tânia e Seu Benedito Adorno (Dito Xavante, que faleceu em 2019).

“Tenho uma ligação especial com a Cidade de Goiás, onde desfrutei momentos inesquecíveis da minha vida. Quando recebi a notícia, me emocionei, porque é uma dádiva que Deus dá de poder servir a igreja e à comunidade”, diz.

Carlos Savagé passará o cargo para novo imperador no dia 19 maio, na festa de Pentecostes, que é celebrada 50 dias após a Páscoa, data que se comemora a descida do Espírito Santo sobre os seus seguidores. Neste dia, inclusive, vai haver a escolha do 151° imperador da festa.

Para o pároco da Catedral de Santana, Padre César Augusto, manter esta tradição há tanto tempo significa trazer aos fiéis mais uma oportunidade de se “reencantar” por Jesus.

 

“A Festa do Divino é um momento de se deixar ser movido pelo Espírito Santo que dá força e ânimo para vivermos nossa missão. Um devoto do Divino é alguém movido pela fé, por essa força que vem do alto e que encoraja a gente a continuar lutando e anunciando um projeto de amor do Pai”, argumenta o pároco da Catedral de Santana.

foto: Patrícia Mousinho

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