Após 10 dias de celebrações, a Festa de Santa Luzia, uma das mais tradicionais celebrações religiosas da cidade de Goiás, chega ao fim neste sábado (13). Realizada na sede da Associação Beneficente Santa Luzia – Classe Operária, o encerramento conta uma atração musical especial, apoiada pela Rádio Nova Fogaréu, que promete emocionar o público ao relembrar os tempos áureos da celebração.
A programação do último dia começa às 6h, com santo terço em intenção à santa e aos devotos, na sede da Associação Beneficente Santa Luzia – Classe Operária. Às 9h, segue a missa festiva em homenagem à padroeira na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, presidida por Frei Cristiano Bhering, com procissão de transladação da imagem de Santa Luzia de volta à sede logo após o término. Às 18h, ocorre outro santo terço dedicado aos operários e em proteção contra enfermidades dos olhos, também na sede. Logo em seguida, às 20h, o tradicional leilão e a quermesse.
Para animar a quermesse final, um trio experiente sobe ao palco: Poninha (teclado, violão e voz), Tapui (trompete) e Ismael (trombone). Juntos, eles recriarão o espírito das antigas noites da Festa de Santa Luzia, quando a extinta Banda da Polícia Militar do 6º Batalhão (6º BPM) era a grande atração, enchendo o salão do centenário casarão de Santa Luzia com sons marciais e alegria coletiva.
“Essa apresentação é uma homenagem à nossa história. A banda do 6º BPM não existe mais, mas sua ausência é sentida em tantas festas como esta, e o trio vai trazer de volta aquela energia que unia gerações”, explica o presidente da associação, Adriano Alcântara, historiador e organizador do evento.
O encerramento culmina com o tradicional leilão, onde a comunidade oferece prendas e donativos para Santa Luzia, com toda a arrecadação revertida para as ações sociais da entidade. Apesar da saudade da Banda do 6º BPM, que outrora apoiava procissões, retretas e leilões, o brilho da festa permanece intacto, impulsionado pela fé inabalável dos devotos.
“Nada apaga a devoção que nos reúne em todo mês de dezembro. Essa celebração é um pilar de fraternidade e memória viva da cidade de Goiás”, afirma Adriano Alcântara, convidando todos para o último dia de festa.
Novidades
A programação da festa, que durou dez dias, incluiu novidades como a missa no dia 8 de dezembro, em homenagem a Nossa Senhora da Imaculada Conceição – algo não realizado no local há anos –, e exibições de documentários entre os dias 5 e 7, após as novenas, projetando filmes sobre a Rua do Capim, a Festa de São Sebastião da Pedreira e o Quilombo Alto Santana.
As rezas de ladainha, ainda no latim tradicional, e a benção da água reforçaram a essência devocional, enquanto quermesses com shows musicais mantiveram o clima festivo. Fiéis com tampões nos olhos, simbolizando gratidão por curas milagrosas, foram uma cena comum, destacando o caráter milagroso da santa protetora da visão.
Origem
Com 113 anos de tradição, a Associação Santa Luzia, fundada em 1912 como irmandade devota, evoluiu de auxílio-saúde nos anos 70 para benefícios funerários a partir de 1981, construindo, em 1996, uma sala para velórios que atende grande parte da cidade.
O casarão histórico da sede, com mais de um século de histórias, já abrigou o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire, no século XIX, serviu como hospedaria militar e sede do Tiro de Guerra, e até como Escola de Aprendizes Artífices em 1909 – embrião dos institutos federais atuais. Preservado com autorização do IPHAN, o prédio foi doado em 1952 pela família do desembargador Joaquim Taveira, em cumprimento a uma promessa de cura, garantindo sua perpetuidade à associação.



