No dia 25 de julho de 2027 a cidade de Goiás completará o seu tricentenário. Diversas celebrações estão sendo arquitetadas para esta data que representa um marco na história de todo estado. Mas um dos presentes de aniversário que a cidade recebeu antecipou as comemorações. Trata-se da instalação “Solo Goiano”, de Siron Franco.
A obra conta com 16,700 pedras preciosas ou semipreciosas, entre elas: ametistas, turmalinas, quartzos e esmeraldas. As pedras foram encontradas em um cofre abandonado durante obra de reforma em um prédio da extinta Metago, e o governo do estado, responsável pela restauração, pensou em algo especial para fazer com este “tesouro”.
O resultado da obra foi apresentado na noite do último dia 7 de maio, pelo governador Ronaldo Caiado, idealizador da iniciativa, durante evento no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia. “Nossa história não pode ser menosprezada, esquecida ou jogada de lado. Ela tem de ser realçada como merece”, disse o governador durante a solenidade.
A intervenção artística ficará exposta, temporariamente, no Palácio das Esmeraldas. Em julho, será transferida definitivamente para a cidade de Goiás e alocada no Palácio Conde dos Arcos.
Coincidência
Siron, um dos artistas plásticos brasileiros mais reconhecidos da atualidade, foi convidado para a produção da obra por ser vilaboense e reconhecido nacionalmente por sua profunda ligação com o território goiano. Para a cidade na qual nasceu ele criou uma obra de grandes proporções que mede 1,70m por 2,40m.
A composição demorou cerca de um ano para ficar pronta e Siron contou, durante a solenidade de inauguração que, por vários dias, chegou a trabalhar durante 16 horas seguidas na produção do projeto.
A inspiração para a obra foi um mapa de ordenação territorial correspondente ao período de fundação da antiga Vila Boa, da data de 1728. Este documento, que traz apenas 55 casas construídas, Siron contou que garimpou, coincidentemente, em um sebo há algum tempo.
“Eu queria fazer algo inédito. E o que você nunca fez, não sabe o que é. Então, tem que batalhar, desenhar, rasgar muitas folhas de papel até o resultado final”, contou o artista.
Vale ressaltar que Siron Franco, que tem obras expostas nos mais importantes museus do Brasil, como o MASP de São Paulo e o MON de Curitiba, é responsável por obras que homenageiam e também traduzem a história da goianidade.
Ele criou, por exemplo, a instalação “Monumento a Todos Nós”, que foi entregue na inauguração da reforma da Praça Cívica, em Goiânia, há 10 anos. A obra simbólica se resume em totens espalhados que representam os povos indígenas Karajás e que refletem a paisagem e população atual.
Apresentação
A solenidade de apresentação de “Solo Goiano” contou com a presença de autoridades, como a secretária de Cultura, Yara Nunes, que afirmou que não havia melhor forma de dar o pontapé às comemorações do que a apresentação da obra Solo Goiano.
“Além de representar o mapa, datado de 1728, temos uma amostra do que realmente é o solo goiano. Essas mais de 16 mil pedras demonstram o quão precioso também é o nosso território, elas contam um pouquinho mais das nossas origens”, refletiu.
O prefeito Aderson Gouvea também estava presente na solenidade que, em sua fala comparou a obra com o trabalho de Cora Coralina, “que construiu o seu poema sobre pedras”.
“Pedra significa ainda a resistência dessa cidade que teve os solavancos, mas que se manteve de pé, com uma grande missão de ser a guardiã da memória dos goianos e dos brasileiros”, comentou o prefeito da cidade de Goiás, Anderson Gouveia.
Fotos: Adalberto Ruchelle e Walter Folador