Após passar por São Jorge, Goiânia e Uruaçu, o espetáculo “Contos de Cativeiro” será apresentado no Cine Teatro São Joaquim, às 14h40 no dia 11 e às 19h no dia 12 de julho.
Contos de Cativeiro aborda os caminhos percorridos pelo povo preto brasileiro desde a diáspora africana, destacando suas alegrias, resiliência e fé. O espetáculo, que tem direção geral de Renata Caetano, coreografia de Juliana Jardel e cenário e figurino de Raquel Rocha, é protagonizado, dirigido e coreografado exclusivamente por artistas negros.
O solo traz à cena as linguagens corporais do circo, da dança afro e da capoeira. Sensorial e imersiva, a cenografia une elementos ancestrais da cultura negra brasileira com equipamentos circenses.
“A montagem é uma lição de luta e afeto em prol do protagonismo negro. E, por se tratar de um solo, o ator Marcelo Marques, com mais de 30 anos de atuação circense, transita entre personagens para levar o público ao centro dessa temática”, compartilha a diretora Raquel Rocha.
Os ingressos são limitados e podem ser adquiridos na plataforma Sympla. Os valores são R$15 (inteira) e R$7 (meia e para pessoas negras). O link para retirada é:
https://linktr.ee/orumaiyequilombocultural
Mais sobre o espetáculo
Contos de Cativeiro estreou em 2022, em Goiânia, e desde então tem atraído sessões lotadas por onde passa. O trabalho é resultado de uma pesquisa sobre as linguagens corporais do circo, da dança afro, da capoeira e outros elementos da cultura negra brasileira.
“O solo é, em sua essência, uma ação regada ao Axé da resistência negra e tem como pilar a voz e o protagonismo preto entremeado em sua construção e narrativa”, comenta Marcelo Marques sobre o trabalho.
Apesar do título, o espetáculo não é uma narrativa sobre o sofrimento, esclarece o ator e autor:
“Enaltecemos os conhecimentos e a capacidade de resiliência do povo preto, trazendo para cada cena um recorte com foco na sabedoria, nas vitórias e nas expertises trazidas da África para o Brasil”, antecipa Marques.
A artista plástica Raquel Rocha, responsável pela cenografia, mergulhou em um estudo dos elementos afro-diaspóricos que dialogam com os equipamentos circenses no palco. Ela compôs a cenografia a partir de símbolos centrais da cultura preta.
“Eu me pautei nos conhecimentos ancestrais, adquiridos em sua maioria dentro dos terreiros, que são os principais espaços de resistência, permanência e ensino das culturas vindas da África”, afirma a artista.
As folhas espalhadas no chão do palco, como um tapete, foram escolhidas com base na folhagem usada na sassanha, ritual do candomblé que envolve o preparo de folhas específicas para cerimônias.
“As folhas se estendem do Aiyê (terra) ao Orum (céu), e ao elevá-las no cenário até o ponto mais alto do teatro, criamos uma perspectiva de infinito que une Orum e Aiyê”, explica Raquel Rocha, ressaltando o esforço em enfatizar o sagrado em cena.
O cenário também conta com um altar religioso e outros elementos cênicos, como cabideiro de galho seco, atabaque, vasos de plantas e cabaças.
“Minha ideia é conduzir a plateia por diferentes ambientes: ora um terreiro, ora a casa do preto velho, uma floresta ou até mesmo um navio negreiro”, compartilha a diretora de arte.
Foto: Benjamim