Durante visita à cidade de Goiás para as celebrações dos 298 anos da antiga capital, o governador Ronaldo Caiado publicou um vídeo provocativo em suas redes sociais, criticando a conservação da Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte.
O prédio abriga o Museu de Arte Sacra da Boa Morte, que possui mais de 900 peças — muitas delas de Veiga Valle. A propriedade e o acervo pertencem à Diocese de Goiás, mas, desde 2009, a gestão museológica está sob responsabilidade do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que assumiu esse papel após a criação da autarquia, sucedendo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em relação aos museus federais.
No vídeo, Caiado defende que o Estado assuma a administração do local para garantir sua preservação e critica a atuação do Iphan na fiscalização de bens tombados em Goiás. “É um descaso. A praça toda está recuperada, apenas a igreja está completamente abandonada”, declarou.
Em resposta às manifestações, o Iphan e o Ibram esclareceram, por meio de nota, que a igreja e seu acervo são propriedades da Diocese de Goiás. O Ibram é responsável exclusivamente pela gestão museológica, firmada por meio de termo de cessão. “O Iphan não tem responsabilidade pela gestão do bem”, diz a nota.
As instituições também reforçaram que, de acordo com o Decreto-Lei 25/1937, o tombamento federal não altera a propriedade do bem, apenas impede sua destruição ou descaracterização. “Cabe ao Iphan fiscalizar o bem tombado, como tem feito no templo mencionado, e indicar a seus proprietários ou gestores a execução de adequações eventualmente necessárias”, acrescentaram.
O Ibram, por sua vez, destacou que o museu tem passado por fiscalizações periódicas do próprio Iphan e do Corpo de Bombeiros, atendendo às exigências para garantir a segurança de visitantes, funcionários e a conservação do prédio. “O Ibram não tem medido esforços para garantir o bom estado de conservação, além de manter canal aberto com a Diocese, o Governo do Estado, entidades parceiras e a sociedade civil para quaisquer esclarecimentos”, conclui a nota.
Foto: Kamilla Brandão