No dia 8 de agosto de 1889, há 136 anos, nascia em Caldas Novas a poetisa Leodegária de Jesus. Ela dedicou sua vida ao mundo da arte, à educação e à transformação social, tornando-se a primeira mulher a publicar um livro no estado. Além disso, criou um jornal em parceria com Cora Coralina na cidade de Goiás e lutou contra o preconceito de gênero e racial, incentivando e influenciando outras mulheres a escrever.
Filha dos professores José Antônio de Jesus, homem negro, e Ana Isolina Furtado Lima de Jesus, mulher branca, mudou-se com apenas dois meses de idade para Jataí. Com a eleição de seu pai para deputado estadual, chegou aos 14 anos na antiga Vila Boa. Concluiu os estudos no Colégio Santana, mas, por ser mulher e negra, foi impedida de cursar Direito na Faculdade de Direito de Vila Velha.
Aos 17 anos, lançou seu primeiro livro, “Corôa de Lyrios,” pela editora Azul, de Campinas, que foi o primeiro livro de autoria feminina em Goiás. Um ano depois, integrou-se ao Clube Literário Goiano, onde manteve contato com diversas poetisas, como Luzia de Oliveira, Rosita Godinho, Alice Santa e Cora Coralina. Nesse mesmo ano, fundou o jornal A Rosa, ao lado de Cora Coralina, em 1907.
Com a família, morou em diversas cidades buscando tratamento para a cegueira progressiva de seu pai, incluindo Minas Gerais, Amazonas, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Durante os anos em Araguari, Minas Gerais, Leodegária fundou o Colégio São José, em 1921, destinado a educar as moças da cidade.
Por ser professora e funcionária do estado, era desencorajada a publicar poesias em jornais, adotando diversos pseudônimos. Em 1928, porém, conseguiu publicar seu segundo livro, “Orchideas.”
Leodegária foi uma das pioneiras da literatura feminina em uma época em que as mulheres, especialmente as negras, não possuíam espaço na vida pública e cultural. Sua poesia, marcada pelo lirismo, espiritualidade e crítica social, abordava temas como amor, fé e as injustiças sociais, especialmente a condição da mulher.