Meio ambiente, Notícias

ACIDENTE NA GO-164 : Rio Vermelho sofre com as consequências

Após caminhão que carregava agrotóxico roubado colidir com carro de passeio, cair de ribanceira às margens do Rio Vermelho e matar casal, acidente provoca desastre ambiental

 

RARIANA PINHEIRO

 

No dia 17 de dezembro, mais um grave acidente na curva da GO-164, perto da Secretaria Municipal de Obras, deixou um rastro de dor e destruição. O casal Maicon de Souza Cruz Moraes, 38 anos e Aline Felipe de Almeida, 34 anos, que estava trafegando na rodovia em um carro de passeio, com destino à uma mineradora próxima a Araguapaz morreu no local.

Isso porque o caminhão que seguia em direção a Goiânia perdeu a direção e colidiu contra o veículo. O carro e a carreta caíram na ribanceira, às margens do Rio Vermelho. Os dois ocupantes do caminhão e saíram do local conscientes.

Para realizar a retirada de uma das vítimas fatais, dos veículos e também do produto químico do local do acidente foi realizada uma operação. Durante o trabalho foram feitas alterações no tráfego e a rodovia chegou a ser completamente interditada no dia 18 de dezembro.

Danos ambientais

Mas além das vítimas, o acidente gerou consequências ambientais, que ainda estão sendo investigadas pelas autoridades. A carga do caminhão continha produtos químicos que foram derramados no Rio Vermelho, na região do Parque da Carioca.

Ele transportava cinco tipos de agrotóxicos, altamente venenosos, utilizados para o combate de pragas em lavouras. São eles: Fipronil, Blavity, Fox xpro, Sphere Max, Orkestra SC. Tanto produtos em pó quanto líquidos vazaram do compartimento de carga.

Com a preocupação de que o veneno chegasse ao rio, desde o dia do acidente a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, acionou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e o Corpo de Bombeiros para realizar a mitigação dos danos.

Enquanto isso, investigações da Polícia Civil apontaram que os agrotóxicos que estavam no caminhão foram furtados em Marcelândia MT no dia 14 de dezembro e os dois ocupantes do caminhão são suspeitos de terem cometido o crim.

Diante desta situação, a Semad acionou os fabricantes dos agrotóxicos para que tomassem medidas. Isso porque, conforme a Lei 6938. fabricantes tem  responsabilidade indireta nestes episódios. Assim, fabricantes disponibilizaram a empresa Ambipar Response, que começou a retirar o produto no dia 20 de dezembro.

A empresa foi contratada para retirar o produto e começou o trabalho no dia 20 de dezembro.

Com a iminente contaminação, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, desde o dia do acidente interditou por tempo indeterminado o Parque da Carioca e o uso do Rio Vermelho para qualquer fim.

Peixes mortos

De acordo com o secretário de Municipal de Meio Ambiente, Carlos Augusto Ignácio, até o dia 20 de dezembro, conforme estudos preliminares, o produto não havia atingido o Rio. Porém, no dia 21 de dezembro, após fortes chuvas, peixes começaram a aparecerem mortos no Rio Vermelho.

Até o fechamento desta matéria, no dia 26 de dezembro, haviam relatos do animal morto em locais nas redondezas da cidade e, em um ponto do rio que fica a cerca de 20 km de distância do ponto do acidente, no distrito de Buenolândia.

Conforme a agricultora familiar Maria Júlia, que é moradora da Fazenda Tucum, que fica próxima ao Hotel Manduzanzan, no rio que passa ao fundo da propriedade encontrou peixes mortos de várias espécies, o que casou mais um problema: mau cheiro.

“O mau cheiro está insuportável devido aos peixes mortos. Além disso, aqui temos gados, porcos e cachorros. Estamos com medo dos animais beberem água ou comerem os peixes e morrerem”, afirma.

De acordo com o secretário de Municipal de Meio Ambiente, Carlos Augusto Ignácio, até o dia 20 de dezembro, conforme estudos preliminares, o produto não havia atingido o Rio. Porém, no dia 21 de dezembro, após fortes chuvas, peixes começaram a aparecerem mortos no Rio Vermelho.

A equipe da empresa contratada atuou no local até o dia 26 de dezembro. Entre os procedimentos realizados estava a raspagem manual do solo contaminado e acondicionamento em embalagens de alta densidade. A empresa também realizou a lavagem das pedras, com auxilio de bomba costal, e sucção dos resíduos líquidos com auxilio do hidrovácuo.

Por meio de nota, a Semad informou que durante o trabalho da Ambipar Response no local foram gerados oito big bags de resíduo sólido, uma“bombona” com peixes mortos e aproximadamente 400 litros de resíduo líquido.

“As barreiras de contenção instaladas próximo ao local do acidente serão mantidas até a conclusão das análises laboratoriais. Os resíduos estão sendo encaminhados para destinação ambientalmente adequada”, explicou a pasta na nota.

No dia em que começaram a aparecer peixes mortos no rio, o Prefeito Aderson Gouvea e o secretário de Meio Ambiente Carlos Augusto Ignácio, estiveram em diversas partes do manancial, acompanhando o trabalho da empresa.

Conforme o secretário de Meio Ambiente, desde o dia do acidente, todas as medidas foram tomadas. “Acionamos a Semad, o Corpo de Bombeiros, entre outros órgãos, mas, infelizmente, devido às chuvas, o veneno chegou ao rio. Acompanhamos a contenção do produto e agora vamos trabalhar para responsabilizar o verdadeiro culpado desta situação e mitigar os danos”, afirma o secretário.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *