O autor e cronista Idelmar de Paiva acabou de escrever mais um livro em que a história se passa na cidade de Goiás. É seu segundo romance cuja história, a trama e os personagens estão ligados a cidade onde ele cresceu.Auditor fiscal aposentado e advogado tributarista, Idelmar lança no próximo sábado, 17, seu novo romance intitulado “Boa Morte”, publicado pela Elysium Sociedade Cultural. O evento será realizado no Museu Casa de Cora Coralina, às 18h30.Idelmar conta em “Boa Morte” uma história cativante, que começa com a ocupação inicial do Estado pelos bandeirantes, como Bartolomeu Bueno da Silva, o famoso Anhanguera.
A trama da história é ambientada na antiga capital e tem detalhes que despertam curiosidade e enigmas, com detalhes como um túnel subterrâneo que supostamente existe sob o centro urbano da cidade histórica. Enfim, “Boa Morte” oferece aos leitores uma experiência literária única com personagens profundamente humanos e cenários que evocam a rica tradição cultural da região.
A sofisticação do estilo de Idelmar Paiva, que já havia se manifestado em seu primeiro romance, “Caminho Inverso”, torna-se evidente nesta obra. Ele faz questão de destacar a influência da Cidade de Goiás em sua trajetória. Aponta como suas maiores inspirações ter vivido na antiga capital do Estado, conhecido e lido Cora Coralina, Paulo Bertan e Helder Rocha Lima, bem como escritores como Charles Dickens, Cervantes, Borges, Ruben Braga e Machado de Assis.
Idelmar nasceu em Cumari, no sul do estado. Ainda criança mudou-se com a família para a cidade de Goiás, onde cresceu, estudou. Casou-se com a vilaboense Salma Sadi, com quem teve dois filhos. Formou-se em administração em Brasília e direito em Goiânia. Tornou-se auditor-fiscal do Estado de Goiás função que exerceu até se aposentar. Ao deixar o serviço público, tornou-se advogado tributarista.
Não foi apenas com seus escritos que Idelmar contribuiu para a cultura vilaboense. Ele foi um dos fundadores da Casa de Cora Coralina; também foi mentor e ajudou a fundar a Cooperativa de Ensino da Cidade de Goiás.
Apesar de ter de mudado para Goiânia em 2002, as raízes ficaram. Nos finais de semana, Idelmar está quase sempre na Cidade de Goiás.
“Quando não estou trabalhando ou escrevendo, sou meio festeiro. Gosto de tocar violão, cantar e beber uns goles no Bar dos Artistas, na cidade de Goiás. Mas aprecio estar com meus familiares, acompanhar futebol e fazer uns rabiscos abstratos”, conta o escritor.
ENTREVISTA: Idelmar de Paiva
Pode nos contar um pouco sobre a trajetória como escritor?
Todo escritor tem que ser antes um bom contador de estórias e acho que tenho facilidade em contar histórias. Esse é meu quarto livro. O primeiro, “Caminho Inverso”, foi um romance que, como o de agora, também tem a ver com a região da Cidade de Goiás. Depois veio “Água de Pedra”, com textos independentes entre si, composto de crônicas e contos e mais voltado para a simplicidade e o humor. Em seguida escrevi “Cumari – Vagões de Memórias”, no qual conto a história de minha cidade natal no sudeste de Goiás. Agora vem “Boa Morte”, onde a história se passa na cidade que considero minha também. A eterna Vila Boa me inspira desde que comecei a escrever.
Quais são suas maiores influências literárias?
Procuro ler de tudo. Desde os clássicos até me aprofundar na literatura brasileira. Sou assíduo leitor de Charles Dickens, Leon Tólstoi, Machado de Assis, e até os regionalistas como Bernardo Élis e Carmo Bernardes.
Dê uma breve sinopse da história ou do conteúdo do livro?
Boa Morte é um livro voltado para levar emoção aos leitores. Procura associar a história de Goiás com uma trama dinâmica, levando o leitor a esperar o desfecho da narrativa. Aborda principalmente os mistérios que envolvem a extração, o preparo e a remessa do outro goiano em direção a Portugal.
Em certo momento, procuro alterar os planos narrativos, ligando-os uns aos outros, ao longo do livro. Mas o ponto central de tudo é o subsolo da Igreja da Boa Morte.
Quem são os personagens principais ou quais os temas do livro?
Os principais personagens se conhecem ainda jovens. MX, é o filho de um bancário que deixa os jogos de videogame para se aprofundar nas origens da cidade de Goiás. Por outro lado, Divino Ehring é filho de imigrantes alemães que se estabeleceram na Colônia do Uvá.
Qual foi a parte desafiadora do processo de escrita do livro?
O mais trabalhoso foi reunir informações históricas para que a trama pudesse se desenvolver com credibilidade. Além disso, tive que despender certo esforço para ligar planos narrativos diferentes.
Há alguma mensagem ou lição que você espera que os leitores tirem da sua obra?
A obra é voltada para o entretenimento do leitor, ao despertar emoções, oferecendo conteúdo histórico. Chamo a atenção de como a cobiça pelo ouro interfere na vida das pessoas.
Como foi o seu processo de escrita? Você seguiu uma rotina específica?
Sebe que escrita foi surgindo devagar? É mais trabalhoso imaginar e construir o enredo do que escrever os textos. Lia e relia diversas vezes o que ia saído e deixava ficar “em repouso”, para então levar ao conhecimento de algumas pessoas, entre elas o meu filho, Djalma, que emitiu suas opiniões.
Houve alguma pesquisa envolvida na criação deste livro? Como foi essa experiência?
Sim. Me servi bastante dos textos do professor Paulo Bertran. Também estudei trabalhos acadêmicos sobre a Colônia do Uvá. Li também um pequeno texto de Octo Marques sobre tesouros escondidos nas cercanias da antiga capital e cheguei a pesquisar fatos como o de uma família que se estabeleceu em Corumbaíba, no sul do estado.
Quanto tempo levou desde a concepção da ideia até a conclusão do livro?
Foi um processo longo, levou aproximadamente 12 anos. Mas ficou um bom tempo “em repouso”, ocasião em que eu acabava por fazer algumas alterações.
Como você está se sentindo com o lançamento do livro?
Na verdade, cada livro lançado é como um filho. Tenho dois filhos de carne e osso, Djalma e Nara, os quais admiro muito. Mas cada livro que vem a lume, me orgulha muito também. Fiz questão de lançar “Boa Morte” primeiramente na cidade de Goiás, pois os moradores saberão o que estou narrando.
Você tem planos para uma sequência ou outros projetos futuros?
Me aposentei como auditor fiscal e acabei me tornando advogado, o que me toma tempo de escrever coisas mais agradáveis. Mas tenho certeza de que outros projetos virão.